Um número recorde de participantes, com mais de mil congressistas, e a presença de representantes de 20 países marcaram a abertura do 7º Congresso Brasileiro de Concessões e Rodovias (CBR&C), promovido pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e que se realiza em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Compuseram a mesa de honra o presidente da ABCR, Moacyr Servilha Duarte; o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da International Road Federation (IRF), Gabriel Sánchez; o secretário de Infraestrutura e Logística do Estado do Paraná, José Richa Filho; o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Mário Rodrigues
Junior; o presidente da Federação de Transportes de Santa Catarina e representante da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Pedro José de Oliveira Lopes; o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional, deputado federal Eduardo Sciarra; o vice-ministro de Transportes do Vietnam, Ngoc Dong Nguyen; e o diretor-geral do Ministério dos Transportes do recém-emancipado Sudão do Sul, Abdu Adbu Silye Lako.
Em seu discurso, Moacyr Duarte destacou os 15 anos da ABCR e analisou os desafios do setor no Brasil. “O primeiro desafio é a manutenção adequada das rodovias, tanto do ponto de vista físico, como da segurança dos usuários”, avaliou. “Entre nós, tivemos o assustador número de 38 mil falecimentos no ano passado, além de milhares de feridos, o que está a
exigir maior fiscalização da condição dos veículos e dos condutores em relação ao consumo de álcool”.
O segundo desafio do setor, segundo o presidente da ABCR, é o financiamento dos investimentos em infraestrutura, fator que incide, diretamente, em um dos itens de maior discussão entre usuários e gestores: o cálculo do valor das tarifas.
“Todos desejam boas rodovias, mas os usuários relutam em pagar para usá-las, ou querem reduzir ao mínimo esse ônus, o que é natural. Já os empreendedores precisam ter uma remuneração compatível, considerando, inclusive, os riscos assumidos”, analisou. “Para equacionar esses dois desejos contrastantes, cabe ao governo criar condições para que o maior número possível de usuários pague pelo uso da rodovia, dividindo-se de forma justa o custo de sua ampliação, manutenção e modernização”.
Neste sentido, um dos principais debates do 7º CBR&C é a aplicação do sistema “free flow” em substituição às atuais praças de pedágio. O método, que funciona através da identificação automática dos veículos e de cobrança posterior à utilização do serviço, já funciona em países como Chile e Portugal.
“Certamente, esse é o caminho do futuro, mas aqui no Brasil temos um problema sério: como pelo menos 30% da frota é irregular, fica impossível cobrar “*a posteriori”. O governo quer sanar essa dificuldade por meio do controle da frota, mas a questão é complexa e só terá solução a médio prazo”, afirmou Duarte. “Assim, apesar do interesse das concessionárias, a
implantação do “free flow” não será tão rápida como se tem noticiado”.
O 7º CBR&C acontece até amanhã no centro de eventos do Hotel Bourbon Cataratas em Foz do Iguaçu. Em paralelo ao congresso, acontecem também a 7ª Exposição Internacional de Produtos para Rodovias (Brasvias) e a IRF Brazil Conference, promovida pela International Road Federation (IRF).
Leia, abaixo, a íntegra do discurso do presidente da ABCR, Moacyr Servilha Duarte.
Prezados representantes da International Road Federation
Caros participantes do nosso sétimo Congresso e Exposição Brasvias
Companheiros do setor de rodovias e concessões
Senhoras e senhores
É com especial satisfação que abro este nosso encontro, o segundo que realizamos aqui em Foz do Iguaçu dando as boas vindas a cada um de vocês. Agradeço a presença de todos, que enriquece nosso Congresso e a exposição Brasvias. Um agradecimento especial aos participantes internacionais que trazem uma contribuição adicional a nosso evento.
Ao mesmo tempo em que participam do Congresso vocês valorizam a comemoração dos 15 anos da ABCR, que representa, nos aspectos institucionais, o setor de concessão de rodovias. E nosso setor desde 2009, conta, também,com o Sindicato das Concessionárias de Rodovias Túneis e Pontes, o Sincrod, fundamental para o harmonioso relacionamento com os funcionários das associadas, e com as entidades que os representam. .
Esta nossa reunião também possibilita uma confraternização e um encontro de amigos, cada vez mais difícil nos tempos conturbados que vivemos.
Temos a alegria de reunir neste 7º Congresso mais de 800 participantes provenientes de vinte países, além naturalmente, do Brasil.
Vamos ouvir palestras e discutir novas tecnologias voltadas a melhorar o transporte rodoviário, garantir mais segurança aos usuários, e definir novos e mais adequados padrões para nosso setor. Em paralelo podemos ver na Brasvias o que há de mais novo em equipamentos, produtos e serviços para a operação e manutenção de rodovias, apresentados por 51 expositores em 2.800 m2.
No Brasil enfrentamos hoje importantes desafios para a continuidade dos serviços que são prestados aos transportadores rodoviários e aos particulares que viajam com seus carros, a negócio, turismo ou por outra razão. Acreditamos que vários desses desafios são comuns também aos colegas de outros países.
O primeiro desafio é a manutenção adequada das rodovias, tanto do ponto de vista físico como da segurança dos usuários. Destaco a Década de Segurança no Trânsito, iniciada neste ano, estabelecida pela Organização das Nações Unidas visando reduzir em 50% os índices de mortalidade até 2020. Entre nós tivemos o assustador número de 38.000 falecimentos no ano passado, além de milhares de feridos, o que está a exigir maior fiscalização da condição dos veículos e especialmente dos condutores em relação ao consumo de álcool, reforçando as ações da chamada Lei Seca.
Do ponto de vista físico das rodovias, o grande problema vem sendo o constante abuso no sobrepeso por eixo, que provoca uma degradação muito mais rápida do pavimento do que seria normal. Como vocês sabem, o aumento do desgaste tem uma relação geométrica com o aumento do peso por eixo, ou seja, acréscimos pequenos ou médios na carga transportada causam grandes danos. Há dois caminhos para reduzir o problema. O primeiro é fazer com que os parâmetros estabelecidos sejam cumpridos por meio do aumento da fiscalização em todas as principais rodovias e acessos das cidades. Somente se poderá impedir esse procedimento irregular com a efetiva aplicação de penalidades e a interrupção do tráfego do veículo sobrecarregado. No Brasil, essa iniciativa cabe exclusivamente à autoridade governamental com jurisdição sobre a via, que det ém o poder de polícia. E parece que essas autoridades começam a se sensibilizar para o problema, verificando os custos que ele traz para a sociedade. A segunda medida é de caráter educativo e promocional junto aos embarcadores e transportadores, que reconhecem o consequente aumento do risco de acidentes e do prejuízo aos veículos. Neste sentido, a ABCR tem procurado trabalhar com os transportadores, empresas e autônomos, buscando discutir e alertar para as consequências danosas do sobrepeso, es