Em entrevista à Agência ABCR, Pedro Jonsson, diretor-presidente da Concer, concessionária que administra a rodovia BR 040/MG-RJ, trecho Juiz de Fora – Petropolis – Rio de Janeiro, fala sobre as obras da Nova Subida da Serra, que ligará a região de Duque de Caxias a Petrópolis.
Agência ABCR – A Concer iniciou em junho de 2013 as obras da Nova Subida da Serra da BR-040. O projeto é ambicioso, saindo do km 102, em Duque de Caxias, e indo até o km 82, em Petrópolis, e resultará na construção de uma pista com traçado moderno e curvas menos sinuosas em substituição à atual subida da serra, aberta há quase um século. Qual a importância desse empreendimento para o Estado Rio de Janeiro e para o Programa de Concessão de Rodovias?
Pedro Jonsson – A Nova Subida da Serra é da maior importância para o Brasil. A BR-040 começa na capital federal, centro político do país, passa por Goiás, importante região do agronegócio, sendo ainda a principal ligação rodoviária entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, que, ao lado de São Paulo, respondem pelo maior PIB do país. Para a região Sudeste e o Rio, em particular, a rodovia é uma das principais vias de escoamento da produção no território fluminense, tendo registrado um volume de tráfego de 20,4 milhões de veículos em 2013, com significativa participação dos veículos de carga no período.
Nas apresentações que temos feito sobre o projeto para empresários, autoridades e sociedade, tenho salientado que essa nova pista encerrará o ciclo de grandes investimentos da Concer no trecho da Rio-Juiz de Fora. Hoje temos uma rodovia bem mais estruturada, moderna e segura graças ao conjunto de investimentos de porte que realizamos ao longo desses 18 anos, quando demos início à operação dos 180 quilômetros da de concessão.
Ampliamos todo o trecho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, duplicamos 37 quilômetros de estrada em Minas Gerais, construímos 20 passarelas, 12 pontes e viadutos, retornos operacionais e redes de iluminação convencional e à energia solar. Agora trabalhamos com o mesmo entusiasmo e determinação na execução da Nova Subida da Serra, projeto arrojado e que nos dá muito orgulho, porque concilia soluções modernas de engenharia com um profundo respeito e cuidado com o meio ambiente.
Para o Programa de Concessão de Rodovias Federais, a Nova Subida da Serra – que ocorre 80 anos depois da inauguração da Rio-Petrópolis pelo presidente Washington Luís – será, sem dúvida alguma, um marco no processo de modernização da malha viária do país assim que entrar em operação, em 2016.
Agência ABCR – As obras da Nova Subida da Serra estão divididas em cinco lotes e preveem a duplicação da atual pista de descida, construção de viadutos e de um túnel com quase 5 Km de extensão. O senhor poderia detalhar um pouco mais esse projeto?
Pedro Jonsson – O grande desafio para a implantação do projeto da NSS diz respeito ao meio ambiente, pois estamos numa região de proteção e conservação ambiental. Tal desafio norteou o projeto, que consiste na duplicação da atual descida da serra – uma área que já se encontra degradada – combinada com a abertura de um túnel de 5 quilômetros, que se configurou na solução de menor impacto ambiental. Outro detalhe são as características geológicas e topográficas da região, que aumentam esse desafio. A realização de todas as atividades descritas foi precedida de ações ambientais estabelecidas no Plano Básico Ambiental do projeto, que contempla um conjunto de programas ambientais.
Agência ABCR – Em janeiro passado, a Concer iniciou as escavações para a abertura do túnel da Nova Subida da Serra, que terá exatos 4.640 metros de comprimento. Como está estruturada a realização desta importante parte das obras e quais os pontos que podem ser destacados em termos de tecnologia e segurança, entre outros aspectos, do túnel?
Pedro Jonsson – O grande desafio para a execução do túnel diz respeito à geologia da região, o que exige a aplicação de diversas técnicas para o tratamento da mesma. É nossa intenção trabalharmos com quatro frentes de escavações simultâneas, o que possibilitará avançarmos com a obra até seis metros por dia em cada delas. Outro ponto importante envolve a segurança do túnel. De forma pioneira estamos criando um novo conceito de segurança para túneis rodoviários no país, trabalhando com técnicos que reúnem grande experiência, tanto brasileiros quanto europeus, em função da sua experiência com túneis, tendo como foco um novo conceito de segurança de túneis rodoviários no país.
Agência ABCR – Com relação à questão ambiental, quais os aspectos que podem ser destacados do projeto?
Pedro Jonsson – A Concer concluiu todo o processo de licenciamento ambiental do projeto em dezembro de 2011, obtendo a Licença de Instalação à época. A obra é executada em consonância com o Plano Básico Ambiental, aprovado pelo Ibama. Ao todo, são mais de 20 programas ambientais que estão em execução, com variadas equipes de atuação em campo e coleta de dados, ações de resgate e monitoramento de fauna e flora, educação ambiental, monitoramento de ruídos, cursos d’água e qualidade do ar, entre vários outros aspectos que abrangem um empreendimento dessa magnitude em meio à rica biodiversidade da região. Além disso, o próprio túnel e o conjunto de 35 pontes e viadutos (das quais 7 são alargamentos de estruturas já existentes) também representam uma solução de engenharia que reduziu de forma expressiva o impacto da obra sobre o ambiente.
Agência ABCR – Quais os benefícios que uma obra desse porte trará para os usuários da rodovia?
Pedro Jonsson – A nova pista terá um traçado mais moderno, oferecendo conforto e segurança ao usuário, com raio de curva de aproximadamente 315 m, o que garante mais segurança na trafegabilidade, além da redução da inclinação da pista para até 6%. Tais características permitem um menor tempo de deslocamento dos veículos e menor consumo de combustível, que notadamente resultará numa redução de emissão de poluentes. Finalmente, em função de um traçado mais moderno, trará mais segurança e conforto aos usuários.
Agência ABCR – Qual o investimento necessário para a construção da Nova Subida da Serra e quando a obra será inaugurada?
Pedro Jonsson – Nosso prazo de conclusão é em meados de 2016. O projeto está orçado pela ANTT em aproximadamente R$ 900 milhões, em valores de maio de 2012.
Agência ABCR – Essa importante obra já era prevista no contrato da concessionária, mas sua realização terá algum impacto no valor tarifa de pedágio?
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